Pequena empresa responde por quase 60% dos empregos criados em março

Pequena empresa responde por quase 60% dos empregos criados em março

Micro e pequenos negócios têm resultado positivo pelo nono mês seguido, com mais de 106 mil novas contratações; enquanto isso, médias e grandes empresas geram pouco mais de 67 mil vagas no período

Em meio a um recorde de desemprego no Brasil, com 14,4 milhões de pessoas sem trabalho, as micro e pequenas empresas (MPE) mostram-se como um grande potencial para a geração de empregos no País. Em março deste ano, elas foram responsáveis pela criação de 106.796 vagas, o que corresponde a 57,9% do total de postos formais – que foram de 184.140. Os dados, divulgados com exclusividade pelo Estadão, constam em relatório do Sebrae com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia.

Pelo nono mês consecutivo, as MPEs apresentam resultado positivo, puxando a geração de empregos com carteira assinada. No primeiro mês do ano, por exemplo, foram 195,6 mil postos criados (75%) e 275.083 em fevereiro (68,5%). Os resultados são superiores às vagas abertas pelas médias e grandes empresas: 41,6 mil em janeiro (16%), 101.838 no segundo mês do ano e 67.394 em março (36,5%).

No acumulado de 2021, os pequenos negócios respondem por 70,1% dos cerca de 837 mil empregos gerados no primeiro trimestre, ante 22,7% das médias e grandes. Quando se observa o saldo mensal médio, as micro e pequenas atingiram patamar superior a 195 mil novos postos de trabalho, enquanto as médias e grandes tiveram um número aproximado de 63 mil. Isso significa que a cada novo emprego criado pelas médias ou grandes empresas, três são abertos pelas de menor porte.

Para Carlos Melles, presidente nacional do Sebrae, os números refletem que as MPEs são essenciais para a retomada econômica brasileira. “Mesmo diante da sobrevida da pandemia, os resultados positivos sinalizam o quanto é importante a continuidade de medidas emergenciais que amparem o segmento”, diz.

No entanto, uma das principais linhas de crédito para os pequenos negócios, o Pronampe segue paralisado devido a divergências entre governo e Congresso sobre o volume do aporte do Tesouro Nacional, custos e forma de recriação do programa. Enquanto isso, o caixa das empresas é reforçado por linhas de crédito estaduais por meio de bancos regionais e agências de fomento que criam condições para MEI, microempresas e pequenos negócios.

De acordo com a 10ª edição da pesquisa O Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 45% dos pequenos negócios e 51% das micro e pequenas empresas consideram a extensão das linhas de créditos a medida mais importante que o governo poderia adotar para compensar os efeitos da crise.

Setor de serviços lidera contratações

No primeiro trimestre do ano passado, os pequenos negócios geraram cinco vezes menos empregos do que no mesmo período deste ano e as médias e grandes empresas demitiram mais do que contrataram. Segundo o Sebrae, isso é explicado pelo elevado número de demissões observado em março de 2020. No comparativo, o total de novas contratações das MPE teve um aumento de 398%.

Todos os setores tiveram bons resultados em todos os portes de empresas, mas o de serviços continua liderando o número de vagas criadas em março: 38.884 pelas MPEs e 55.873 pelas MGEs. A exceção foi a agropecuária, que apresentou saldo negativo entre as médias e grandes.

Para os pequenos, a área de indústria de transformação, que antes estava em terceiro lugar, ficou em segundo desta vez, com 27.759 novas vagas, seguida por construção civil (18.386 empregos).

Fonte: CACB